Área particular de 30 mil m² de mata nativa em Curitiba torna-se Unidade de Conservação


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21.03.2013
 Área particular de 30 mil m² de mata nativa em Curitiba torna-se Unidade de Conservação

Hoje, dia 21 de março, Curitiba vai contar oficialmente com mais uma RPPNM (Reserva Particular do Patrimônio Natural Municipal). Na ocasião, às 14h, a reserva urbana Airumã, em Santa Felicidade, composta por 30 mil m² de área nativa preservada em meio à cidade, vai receber o título por meio de um decreto municipal que oficializa o compromisso de conservação da área para as gerações futuras. Para marcar o evento, estarão presentes no local o prefeito de Curitiba Gustavo Fruet, vereadores, membros do Ministério Público, da OAB, Secretaria de Meio Ambiente, Fundação Grupo Boticário, APAVE (Associação dos Protetores de Áreas Verdes) e conservacionistas.

A reserva é de propriedade de Terezinha Vareschi, que lembra a importância de ações de conservação. “Curitiba ainda conta com 18% de seu território coberto por vegetação nativa e, destes, 15% estão em propriedade particular, daí nossa preocupação em evitar que a biodiversidade seja ainda mais ameaçada”, explica ela, que também é presidente da APAVE, criada em abril de 2011 e que, em conjunto com a SPVS, trabalha para que mudanças na Lei da RPPNM possam beneficiar ainda mais os que preservam.

Atualmente, Curitiba conta com 11 RPPNMs, mas a capital tem, aproximadamente, 600 áreas potenciais de matas preservadas que podem se transformar em reservas particulares. O maior diferencial da Airumã, entretanto, é que ela será a primeira da cidade a apresentar propostas para desenvolver atividades econômicas permitidas pela lei da RPPNM, entre elas, trabalhar com educação ambiental, visitação turística, ecoturismo e pesquisa científica. Hoje, as demais reservas existentes na capital não possuem planos organizados de atividades e visitas abertas ao público.


Apoio e investimentos

Desde 2012, Terezinha faz parte do grupo de lideranças que recebem apoio financeiro e estratégico do Programa E-CONS (Empreendedores da Conservação), desenvolvido pela SPVS em parceria com o Banco HSBC, que apoia projetos inovadores de conservação da natureza em todos os biomas do país. A iniciativa aposta na contribuição direcionada a um determinado perfil de indivíduos que demonstrem capacidade de potencializar resultados em conservação, realizem atitudes diferenciadas e estratégicas e que tenham visão de longo prazo.

Nesse contexto, além do apoio do Programa E-CONS, a intenção agora é também conquistar mais e novos investimentos para que, daqui em diante, projetos que já acontecem na Airumã, por exemplo, possam ganhar ainda mais representatividade e destaque, servindo de inspiração para outros proprietários de áreas nativas e para a sociedade em geral.

Entre as iniciativas da reserva está o projeto de meliponicultura (criação de abelhas nativas sem ferrão). Além de serem responsáveis por cerca de 70% da polinização, as abelhas produzem o mel que também pode representar uma fonte de renda aos proprietários das áreas, como já acontece no litoral do Paraná, com a Acriapa (Associação de Criadores de Abelhas Nativas da APA de Guaraqueçaba). “A ideia é que esse projeto venha para a área urbana”, explica Terezinha.

Outra proposta está relacionada à visita de crianças à reserva. A intenção é que elas sejam apresentadas a ações de conservação focadas no meio ambiente da região, visitem uma estufa para conhecer mudinhas de pinheiros e as várias fases de desenvolvimento das árvores, até a planta crescida, e para que também entendam a diferença entre plantas nativas e exóticas invasoras.

De acordo com o diretor executivo da SPVS, Clóvis Borges, a inauguração da nova RPPNM representa um avanço fundamental para a criação de mecanismos sólidos de preservação de remanescentes naturais de Curitiba e Região Metropolitana. “Terezinha Vareschi é uma liderança que dá o exemplo a partir da criação desta nova RPPNM em terreno de sua família. Além disso, cumpre um papel fundamental de incentivar proprietários e articular instâncias do poder público, numa agenda que permita a busca de resultados em escala. Este tipo de iniciativa ainda dependente de avanços na legislação e da busca do interesse de empresas privadas”, diz ele. 
     

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