A preservação da Natureza e os E-CONS: Empreendedores da Conservação ."
Todos os projetos financiados, por instituições públicas ou privadas, precisam ganhar corpo e ter métrica
Clóvis Borges, da SPVS: "Ninguém preserva se não for pela necessidade, ou do negócio ou porque destruir é caro"
De São Paulo
Atuar de forma competitiva e com foco em resultados também é requisito para ampliar o volume de investimentos em iniciativas sustentáveis. Todos os projetos financiados - por instituições públicas ou privadas - precisam ganhar corpo e ter métricas de medição para garantir a continuidade dos negócios. "O maior desafio ainda é o de mostrar o retorno do investimento, trazendo para os projetos uma melhor relação entre a rentabilidade e o prazo para colher os frutos", afirma Altair Assumpção, responsável pela aceleradora de empresas New Ventures.
A New Ventures atua na formação de empreendedores, dando apoio na elaboração de planos e modelos de negócio com foco na atuação sustentável, preparando-os para buscar investimentos no mercado. "Também apresentamos os empreendedores a mentores (executivos de sucesso) bem relacionados com os investidores", explica Assumpção, lembrando que já passaram pelo programa 49 empreendedores brasileiros.
O foco na formação e apoio ao empreendedor é a estratégia também da parceria entre a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e o banco HSBC, que criaram o Programa e-cons (Empreendedores da Conservação). Com orçamento de R$ 1 milhão, a iniciativa tem a finalidade de apoiar lideranças que já realizam ações inovadoras em todos os biomas do Brasil. "A conservação da natureza é um negócio como outro qualquer. Não é enxergada desta forma por uma questão cultural", destaca Clóvis Borges, diretor-executivo da SPVS.
Segundo ele, o desenvolvimento sustentável só acontecerá com a criação de valor nas reservas naturais, o que significa a oferta de serviços ambientais e de técnicas de manejo sustentável capazes de gerar receita. "Ninguém preserva se não for pela necessidade, ou do negócio ou porque destruir é caro", afirma. Entre os desafios, está o de sair da escala reduzida e criar negócios de maior porte, dando impulso à formação de cadeias produtivas fortes e complexas.
Também é objetivo da SPVS e do HSBC criar condições para que estudos de pesquisadores avancem para a comercialização. "O Brasil tem uma quantidade enorme de projetos que naufragam na hora de virar aplicação. O pesquisador consegue bolsa para estudar, mas não transforma o conhecimento em produto ou serviço por falta de recurso", lembra Borges.
A instituição toca atualmente seis projetos, entre eles o da proprietária de uma reserva natural em Curitiba, Terezinha Vareschi, que se dedica a incentivar outros donos de áreas conservadas (com mais de 70% de vegetação nativa) em ambientes urbanos a criarem reservas particulares. O projeto, que culminou na criação da Airumã Estação Ambiental, busca a valoração de serviços ambientais, além da montagem de modelos de negócios para a exploração sustentável das matas. "O cinturão verde de Curitiba é essencial para o desenvolvimento sustentável da cidade e para promover qualidade de vida", diz a empreendedora.
A meta do SPVS com o apoio à Terezinha é ampliar as áreas naturais urbanas, criando um modelo possível de ser aplicado em qualquer cidade brasileira. "Não é só questão de remunerar o empreendedor pelo trabalho realizado. Mas de criar um embrião que pode ser implantado em qualquer município, com boas possibilidades de lucro", explica Borges. (ET)
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