Araucária, espécie em extinção: Símbolo do Paraná.
Muito pertinente para este momento da Rio+20 e de toda esta questão ambiental, este artigo no Blog do Eloi Zanetti sobre o paranaense e sua árvore símbolo a araucária, entitulado "O que faz sentido aos paranaenses?" Valer ler e refletir a respeito! (Terezinha Vareschi)
"... Mas o que é que pode, realmente, fazer sentido
para todos nós paranaenses? Algo que tenha a capacidade de nos unir
como povo. Uma manifestação que pertença a um só de nós e ao mesmo tempo
a todos? Como o candomblé na Bahia, o vanerão no Rio Grande do Sul, a
folia do divino em Minas ou o maracatu em Pernambuco? Depois de algum
pensar, cheguei à uma conclusão e quero reparti-la com você:
Acredito que só o pinheiro tenha o poder da representatividade como nosso símbolo mítico. Ele seria como um totem sagrado, um objeto de veneração, uma marca, uma insígnia. Só mesmo a araucária é capaz de nos retratar como Estado. Ela está presente nesse território há mais de 250 milhões de anos e ocupava quase todo o Paraná quando os primeiros colonizadores chegaram.
Platão disse que só amamos aquilo que conhecemos. Fico abismado quando observo o quanto viramos as costas e somos negligentes com uma das árvores mais bonitas do planeta. Que em menos de cem anos conseguimos destruir as reservas de uma das poucas espécies ainda vivas, legítimas herdeiras da era dos dinossauros. E que recentemente foi vítima de maldosa campanha por parte de alguns políticos e fazendeiros que tentam de todas as maneiras brecar a formação de algumas reservas nos Campos Gerais. Reservas que não representam nada, comparadas em área com o que já foi destruído.
O movimento paranista, estimulado por Romário Martins e que ganhou expressão nos talentos de João Turin, Zaco Paraná, Lange de Morretes, Alfredo Andersen, João Ghelfi e outros, percebeu o potencial e a força do pinheiro como marca e o desenhou nas calçadas de petit-pavé das nossas ruas, nos monumentos e murais das praças.
Mas como nós paranaenses somos por formação um povo de negociantes e não de guerreiros, fomos adorar outro símbolo – o vil metal. E, em vez do pinheiro como força de união, passamos a adorar o bezerro de ouro da extração predatória e do comércio. Vendemos a nossa primeira chance de identidade já no início da nossa organização social. O único símbolo paranaense embarcou nos navios de carga em Paranaguá e foi virar mesas e cadeiras em outros países.
Alguns de nós já perceberam que nada paga a ausência dos pinheiros ao pôr-do-sol no horizonte dos nossos planaltos. Você pode estar pensando que sou ingênuo demais. Não, não sou. Na mitologia, o totem sagrado representa o reservatório da energia de um povo. E devemos respeitar os símbolos mitológicos, pois nossas raízes mais profundas estão todas lá. Quer outra explicação? É por não termos um mito inicial que somos tão desarticulados como povo e tão desunidos politicamente.
Chorem comigo pela extinção das nossas araucárias. Pois, num futuro próximo, nossos descendentes herdarão esse descaso. Serão como nós: uma tribo sem totem, um povo sem mito. Desarticulados, atravessando combalidos o deserto da nossa destemperança. Lembrando Drummond poderão dizer: “Este pinheiro é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói!”.
Acredito que só o pinheiro tenha o poder da representatividade como nosso símbolo mítico. Ele seria como um totem sagrado, um objeto de veneração, uma marca, uma insígnia. Só mesmo a araucária é capaz de nos retratar como Estado. Ela está presente nesse território há mais de 250 milhões de anos e ocupava quase todo o Paraná quando os primeiros colonizadores chegaram.
Platão disse que só amamos aquilo que conhecemos. Fico abismado quando observo o quanto viramos as costas e somos negligentes com uma das árvores mais bonitas do planeta. Que em menos de cem anos conseguimos destruir as reservas de uma das poucas espécies ainda vivas, legítimas herdeiras da era dos dinossauros. E que recentemente foi vítima de maldosa campanha por parte de alguns políticos e fazendeiros que tentam de todas as maneiras brecar a formação de algumas reservas nos Campos Gerais. Reservas que não representam nada, comparadas em área com o que já foi destruído.
O movimento paranista, estimulado por Romário Martins e que ganhou expressão nos talentos de João Turin, Zaco Paraná, Lange de Morretes, Alfredo Andersen, João Ghelfi e outros, percebeu o potencial e a força do pinheiro como marca e o desenhou nas calçadas de petit-pavé das nossas ruas, nos monumentos e murais das praças.
Mas como nós paranaenses somos por formação um povo de negociantes e não de guerreiros, fomos adorar outro símbolo – o vil metal. E, em vez do pinheiro como força de união, passamos a adorar o bezerro de ouro da extração predatória e do comércio. Vendemos a nossa primeira chance de identidade já no início da nossa organização social. O único símbolo paranaense embarcou nos navios de carga em Paranaguá e foi virar mesas e cadeiras em outros países.
Alguns de nós já perceberam que nada paga a ausência dos pinheiros ao pôr-do-sol no horizonte dos nossos planaltos. Você pode estar pensando que sou ingênuo demais. Não, não sou. Na mitologia, o totem sagrado representa o reservatório da energia de um povo. E devemos respeitar os símbolos mitológicos, pois nossas raízes mais profundas estão todas lá. Quer outra explicação? É por não termos um mito inicial que somos tão desarticulados como povo e tão desunidos politicamente.
Chorem comigo pela extinção das nossas araucárias. Pois, num futuro próximo, nossos descendentes herdarão esse descaso. Serão como nós: uma tribo sem totem, um povo sem mito. Desarticulados, atravessando combalidos o deserto da nossa destemperança. Lembrando Drummond poderão dizer: “Este pinheiro é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói!”.
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