ConBio reúne proprietários de bosques nativos na região Oeste de Curitiba

 
14.04.2011
 ConBio reúne proprietários de bosques nativos na região Oeste de Curitiba

Encontro incentiva proprietários de áreas nativas a criarem reservas particulares e promove troca de informações e conceitos sobre práticas conservacionistas
 
Proprietários de bosques com vegetação nativa no Oeste de Curitiba (regionais Santa Felicidade e Cidade Industrial) estiveram reunidos no último sábado (09), durante o segundo encontro de integração dos proprietários de bosques nativos do projeto Condomínio da Biodiversidade (ConBio), da organização não-governamental Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), realizado na Estação Ambiental Airumã, em Santa Felicidade. Em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), o evento tem o objetivo de proporcionar a troca de experiências e informar sobre vegetação nativa, conservação de áreas naturais e criação de Reserva do Patrimônio Público Natural Municipal (RPPNM).

O encontro, que contou com cerca de 50 participantes, teve início com a apresentação da diretora do departamento de pesquisa e monitoramento da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), engenheira agrônoma Erica Costa Mielke, que explicou o que é uma RPPNM e orientou os participantes em relação às informações técnicas, como legislação e procedimentos sobre como criar uma reserva. Érica comentou que os encontros originados pelo ConBio são momentos em que proprietários devem analisar sobre a transformação de sua propriedade em RPPNM. “RPPNM é uma Unidade de Conservação (área oficialmente protegida) de domínio privado, com o objetivo de conservar a diversidade biológica, gravada com perpetuidade e se aplica aos proprietários de imóveis atingidos por bosques nativos relevantes com pelo mesmo 70% de sua área total coberta de vegetação nativa, que não esteja edificado, no máximo possua uma residência ou núcleo familiar. Os benefícios vão além do financeiro. Propiciam a manutenção da biodiversidade em ambientes urbanos”, explicou.

Na sequência, o empresário e advogado Juliano Correia, proprietário da Reserva Barigui, a terceira RPPNM criada na cidade, deu seu depoimento de como foi a realização do processo de constituição, procedimentos necessários, benefícios e dificuldades. Para ele, o potencial construtivo é uma forma de dar valor a área sem perder sua posse. \"Várias construtoras vão precisar e nos procurar pelo potencial construtivo. Antes da transformação em RPPNM a minha área não valeria tanto como agora. A valorização de mercado é um incentivo”, observou Correia.

Após a explanação de Correia, o engenheiro florestal da Organização Não-Governamental Sociedade Chauá, Christopher Thomas Blum, falou sobre plantas nativas e controle de espécies exóticas invasoras. Segundo o especialista, é importante diferenciar plantas nativas das exóticas invasoras para evitar impactos ecológicos, econômicos, culturais e para a saúde. “Os lírios do brejo, por exemplo, se proliferam rapidamente e prejudicam o crescimento das árvores. O beijinho é uma planta exótica que já invadiu tantas áreas naturais que as pessoas acham que ela é nativa do Paraná. Por isso, é importante saber diferenciar para ajudar a impedir a perda da biodiversidade”, explicou Blum.

Associação

Como resultado do encontro, além das trocas de informações, o grupo começou a articular a criação de uma associação de proprietários de áreas com bosque nativo e proprietários de RPPNM. A ação foi encabeçada por, entre outros participantes, o engenheiro civil Orlando Cini Júnior, proprietário da segunda RPPNM de Curitiba e pela condômina Terezinha Vareschi, que já faz parte do ConBio há três anos é proprietária da Estação Ambiental Airumã, área em processo de transformação em RPPNM, com 36 mil metros quadrados. “Acredito que esse seja um momento importante para todos nós, porque é a nossa união que nos fortalecerá. Vamos dar andamento a essa criação”, ressaltou Terezinha.

Cini Junior, dono de uma área verde de 15 mil metros quadrados, que fica no bairro Campo Comprido, a menos de 10 quilômetros do Centro da capital, completou: “É importante ter uma associação que vá até o poder público para viabilizar benefícios aos já proprietários e futuros donos de RPPNMs, como a modificação do decreto para incluir a renovação a cada 10 anos”. O engenheiro ainda lembrou a relevância dos encontros promovidos pelo ConBio para a realização e efetivação de ações em prol ao meio ambiente. “Os eventos do ConBio contribuem para atitudes como a ideia da criação da associação, além da valorização das reservas para que a gente preserve a natureza o quanto antes. Se demorar muito, o meio ambiente vai perder e com a iniciativa da associação podemos incentivar, inclusive os empresários e as construtoras, que terão o benefício a cada 10 anos. Eu vejo como uma solução importantíssima”, avaliou.

Segundo a coordenadora do projeto da SPVS, bióloga Elenise Sipinski, a finalidade do Conbio é incentivar as boas práticas na conservação de áreas e estimular os proprietários a criarem RPPNMs. “Os benefícios dessa iniciativa são inúmeros, além da isenção de impostos, os proprietários podem vender o potencial construtivo de suas áreas para imobiliárias, ou seja, eles podem comercializar o equivalente ao que poderia ser construído naquele lugar”, ilustrou Elenise ao comentar sobre a iniciativa da criação de uma associação. “Um dos objetivos do Conbio é a integração entre os participantes, buscando a troca de informações e o fortalecimento e incentivo a realização de práticas conservacionistas. A criação de uma associação vai de encontro a esse objetivo”, afirmou a coordenadora do ConBio.

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